sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Horas Extraordinárias


Não colocaria a questão apenas ao nível da produção. Isso levar-nos-ia a muitas considerações acerca da origem, das qualidades e das motivações dos diferentes autores portugueses, pelo menos a partir dos meados do século XIX. Preocupa-me o ambiente sociocultural nas diferentes regiões do nosso território - os hábitos de consumo, as reais ofertas e, sobretudo, a falta de qualquer coisa que arrede esta desertificação voraz. Aqui não se trata de distâncias em alcatrão. Lisboa ficará muito longe de Loures, Odivelas e Amadora, muito mais perto do Porto e de Almada e até de Viseu... Acontece que num concelho de 100 mil habitantes como Viseu não há oportunidades - havia umas livrarias engraçadas e uns grupos de trabalho interessantes, mas fecham por questões económicas. Temos o Teatro Viriato aflito com falta de verbas e a mania de resgatar princípios gastos ligados a uma igreja teimosa e salazarenta, porém há muita gente com vontade de fazer coisas boas e interessantes. Nos arredores de Lisboa (não a margem esquerda) é um deserto - milhares de convencidinhos metidos nas casas hipotecadas e estupidificados que nem portas...
Luís Urgais a 17 de Novembro de 2011 às 15:33