O Dólmen de Areita, Paredes da Beira, São João da Pesqueira
Trabalho levado a efeito pela equipa científica dirigida pelos arqueólogos Pedro Sobral de Carvalho e Luís Filipe Gomes entre 1996-1998, constitui um dos mais significativos monumentos megalíticos do território português.
Dista cerca de três quilómetros do conjunto tumular de Nossa Senhora do Monte de Penela da Beira.
Situa-se a poucos metros da estrada municipal que liga Paredes da Beira à de Riodades, ambas do concelho de São João da Pesqueira. Num planalto sobranceiro ao rio Távora, afluente da margem esquerda do rio Douro. A este dólmen estaria associado um conjunto megalítico do qual havia memória da população mais idosa nos anos noventa daquela região, nomeadamente a Mamoa do Imbigo cuja preservação tardou a ser implementada.
Na cercadura de uma encosta do rio Távora encontra-se a fraga d´Aia, um pequeno abrigo granítico onde se realizaram pinturas diversas em vermelho, porventura de conotação simbólica e religiosa.
Trata-se de um monumento de tipo clássico de grandes dimensões, com câmara poligonal alargada e corredor médio, bem diferenciado, quer em planta como em alçado.
Ao contrário do corredor, profundamente revolvido, o primitivo piso deposicional da câmara manteve-se intacto, proporcionando a identificação de um só nível primário de utilização definido por uma camada arenosa polvilhada de ocre e sobre a qual se conservavam ainda restos ósseos humanos associados a uma variada panóplia de artefactos – micrólitos, uma lâmina, elementos de adorno e artefactos cortantes em pedra polida, de pequenas dimensões – que, pelas suas características, nos indiciam a situá-lo nos finais do IVº milénio a. C. ou mesmo um pouco antes.
Sob o primitivo espaço de utilização da câmara foram identificados vários troncos carbonizados contextualizados com uma significativa dispersão de cinzas, podendo relacionar-se com um conjunto de estruturas vegetais colocadas aquando da construção e utilizadas como apoio (escoramento) às próprias estruturas megalíticas. Poder-se-á colocar também a possibilidade de terem feito parte de uma estrutura pré-existente à edificação do sepulcro.
No interior da câmara, e utilizando um dos esteios laterais como face de fundo, conservava-se uma estrutura de tipo caixa, em granito, podendo talvez relacionar-se com a deposição temporária de oferendas e ou do inumado.
O acesso ao interior do sepulcro far-se-ia através de dois espaços diferenciados, quer em planta, quer pela disposição central de três lajes horizontais: átrio e o corredor intratumular.
Após um curto período de utilização, o acesso ao interior do monumento foi ritualmente obliterado com terra, cascalho e pedras – estrutura de condenação.
Nos esteios 4 e 7 da câmara, foram idenficados diversos motivos gravados merecendo especial destaque o conjunto patente, na lage central. Genericamente, trata-se de um painel ostentando quatro motivos sub-rectangulares segmentados, enquadrados por linhas em ziguezague.
No que toca aos vestígios osteológicos conservados, pode-se salientar a sua dispersão um pouco por todo o espaço da câmara, bem como a desconexão anatómica dos ossos, dispostos desordenamente; porventura, de seis indivíduos.
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